Atualmente é difícil imaginar nossas vidas sem a presença de algum aparelho eletrônico que não tenha uma tela touchscreen(tela sensível ao toque). Por mais que ela tenha entrado no nosso cotidiano há pouco mais de uma década (você pode estar lendo este texto em uma neste momento), esta tecnologia não é tão recente assim. Para que esta facilidade fosse incluída no nosso cotidiano, diversos e importantes avanços tecnológicos tiveram que ser alcançados.
Os historiadores da tecnologia afirmam que o primeiro aparelho com tecnologia touch data do ano de 1948. Trata-se de um aparelho musical, um sintetizador sensível ao toque, que foi desenvolvido pela Hugh Le Caine’s Electronic Sackbut. Este instrumento se baseia na utilização de um teclado de piano e uma mesa de controle. Os usuários podiam usar o touch para controlar o volume através da pressão nas teclas do piano assim como opções de textura da música via mesa de controle.
A primeira aplicação de telas sensíveis ao toque, no entanto, ocorreu em 1965, inventada por E. A. Johnson.O equipamento foi desenvolvido para uso em radares de controle de tráfego aéreo, perdurando até a década de 1990. Apesar de possuir capacitores em sua tecnologia, ele era bem simples: era capaz de suportar apenas um toque por vez (ou seja, não tinha suporte multitouch) e também era binário.
Apenas no início dos anos 1970, surgiram as telas resistivas, quando o inventor estadunidense G. Samuel elaborou um método de facilitar os estudos de sua equipe de física nuclear. Para acelerar um trabalho tedioso, o doutor Samuel — junto de outros dois membros de sua equipe — criou meio que sem querer a primeira tela de computador sensível ao toque que se tem conhecimento.
O próximo passo da escala evolutiva ocorreu também no início dos anos 70 e foi chamado de projeto PLATO. A tela utilizada no terminal PLATO IV não era nem resistiva, nem capacitiva, mas funcionava a partir de um sistema de infravermelho sobre uma tela de plasma (tecnologia utilizada atualmente nos televisores de plasma). O dispositivo foi criado por Donalt Bitzer na Universidade de Illinois, Estados Unidos, e servia para que os estudantes respondessem questões apenas tocando na tela.
Os anos 1980 marcam um grande salto na história dos dispositivos com telas sensíveis ao toque: o primeiro computador equipado com essa tecnologia chega ao mercado em setembro de 1983, o HP-150. Um sistema infravermelho reconhecia quando um dedo tocava o display. Era possível ter um desses em sua casa por US$ 2.795.O grande contratempo, porém, foi o efeito “braço de gorila”: a fadiga muscular causada por ter que manter o braço no ar para tocar a tela.
Os anos 1990 foram o início da fase portátil das touchscreen. O primeiro foi o comunicador portátil Simon Personal Communicator, criado a partir de uma parceria entre a BellSouth e a IBM e que trazia funções de pager: envio e recebimento de emails, calendário, agenda, bloco de notas e calculadora. A tela era resistiva e exigia uma caneta para funcionar, assim como os próximos gadgets MessagePad, da Apple e Palm da Pilot (este último ficou sendo o pager “referência” por alguns anos).
No final dos anos 1990, uma nova revolução esteve a caminho das touchscreen. Wayne Westerman, estudante da Universidade de Delaware, Estados Unidos, apresentou a sua dissertação de doutorado, que detalha os mecanismos que atualmente são aplicados às telas que suportam vários toques, utilizadas em praticamente todos os smartphones e tablets. O estudante e seu orientador acadêmico criaram uma empresa chamada FingerWorks, na qual exploraram melhor os seus conceitos e que foi adquirida pela Apple em 2005.
A chegada dos anos 2000 foi realmente significativa para a tecnologia de telas sensíveis ao toque, com um grande número de equipamentos surgindo nesse período. PortfolioWall, da General Motors em parceria com a Alias|Wavefront; SmartSkin, da Sony (predecessora das multitoques atuais); HandGear, da DSI Datotech e TouchLight, da Microsoft, são exemplos de produtos lançados nessa época que utilizavam a tecnologia touchscreen de diversas formas.
Em 2006, o cientista Jeff Han apresentou ao público a sua tela sensível ao toque livre de interface. O material era uma ideia inacabada que usava sistema capacitivo e infravermelho para identificar exatamente onde estava sendo tocado. A tela foi possível, explica Han, graças à “reflexão total interna frustrada”, ou FTIR na sigla em inglês, uma técnica biométrica para reconhecimento de impressões digitais. A criação de Jeff Han era sensível à pressão e capaz de sentir absolutamente qualquer toque na tela, além de sua produção não ser tão cara, como relatou o inventor durante apresentação no TED daquele ano.
Em 2012, Han vendeu sua empresa para a Microsoft.
Quase cinco décadas depois do trabalho apresentado por E. A. Johson no Reino Unido, as telas sensíveis ao toque servem a seus usuários das mais variadas maneiras. Para fins de entretenimento ou profissionais, é fato que estes dispositivos vão fazer cada vez mais parte de nossa vida.
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